terça-feira, 18 de setembro de 2012

Subversão

No meu post anterior falava de como penso que as coisas estão a mudar.E quando digo "coisas" quero dizer exatamente "a perceção que temos das coisas".
Os últimos dias no País têm sido de "loucura" quase completa. Os acontecimentos todos os conhecemos ; as suas interpretações são muitas ( mas agora muito mais "coincidentes" do que eram há algum tempo atrás) e as " apostas no futuro" são quase tantas como o número de apostadores.
Tempo de viragem é certo! Mas tempo "incerto", também é certo. E as incertezas fazem-nos sempre medo...Penso que a grande lição a tirar das manifestações do último sábado é que as pessoas começam a colocar os "seus medos" um pouco de parte. Mas o medo fulcral que nos tolhe é o medo de perder aquilo que consideramos " certo"! Confuso,não é ? Pois é!!
Tudo isto a propósito dum(?) "pensamento inicial" meu : Como mudar o que é imutável? Como subverter o que parece inquestionável? Como sonhar a partir do concreto? Como concretizar os sonhos? Como transformar em prática os nossos pensamentos teóricos? Como colocar as teorias, os sonhos, os estudos, as reflexões ao serviço das pessoas? Como não perder, as pessoas, como o sentido último de todas coisas?

sábado, 8 de setembro de 2012

Delírio Ideológico

A Wikipedia define :

"...Embora conceitos não-específicos de loucura estejam em circulação há vários milhares de anos, o psiquiatra e filósofo Karl Jaspersfoi o primeiro a definir os três critérios principais para que uma crença seja considerada delirante, em seu livro General Psychopathology:
  • Certeza (mantida com absoluta convicção)
  • Incorrigibilidade (não passível de mudança por força de contra-argumentação ou prova em contrário)
  • Impossibilidade ou falsidade do conteúdo (implausível, bizarro ou patentemente inverídico)
Estes critérios ainda sobrevivem no diagnóstico da psiquiatria moderna. Na edição mais atual do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, o delírio (juízo) é definido como:
"Uma falsa crença baseada em inferência incorreta sobre a realidade externa que é sustentada com firmeza apesar das crenças da quase totalidade das pessoas e apesar do que se constitui em prova incontroversa e óbvia de evidência em contrário."..."
 
Vem isto a propósito (com ênfase no último parágrafo  transcrito) do discurso do Primeiro Ministro.Não se vai aqui falar das análises económicas feitas entretanto às medidas adotadas.Acho que o essencial já percebemos!!Mas se estas dificuldades todas se mostrassem com um propósito que todos pecebessem e se fossem justas e distribuídas justamente, por todos ,penso que até conseguiríamos "digeri-las".Mas o que vemos não é nada disso...
Um aspeto que penso importante, é que o atual Governo acabou com um certo "capital" de tolerância e compreensão que até agora ainda ( embora em acentuada queda todos os dias) possuía.A Comunicação Social de hoje é bem o "espelho" da reviravolta que está a começar.Já ninguém aguenta!
Como escrevi noutro sítio (perdoem a auto citação): "No nosso País ,enganados, deixámo-nos levar por palavras vãs daqueles que parecendo rigorosos são só "de vistas curtas", querendo parecer honestos são só dissimulados, querendo parecer sabedores são só "provincianos" e querendo parecer líderes são "paus mandados" de poderes fácticos bem mais poderosos.
Não creio no entanto, ao contrário de muitos, que mereçamos tal sorte por termos cometido tais "pecados".Nenhum Povo merece isto.E "isto" só mudará com a intervenção de todos ,mesmo pensando de maneiras diferentes."
Mas só é pena que o Karl Jaspers não tenha dado a definição de "loucura ideológica" ...
FC

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Quem tem medo da Constituição?

Temos ouvido com uma ligeireza crescente diversas opiniões no sentido da necessidade de mudar a Constituição.Cheguei mesmo a ouvir um comentarista (daqueles que pululam nas televisões, ávidos de "aparecer" para serem alguém...) a insurgir-se como é que era possível, um Governo eleito pelos cidadãos, ser coagido na sua ação,pela letra da Constituição...!!!
Realmente "Cultura Constitucional" ( na felícissima expressão do Dr. Paulo Ferreira da Cunha) precisa-se! E urgentemente!
Pois uma Constituição serve exatamente para balizar toda a legislação que a ela se deve subordinar.Pode mudar-se ? Sim,mas com cuidado e parcimónia.Pode mudar-se de duas formas: 1. Pelas formas e com as limitações que ela própria prevê,ou 2. Por uma Revolução ou Golpe.
Uma Constituição deve ter uma certa perenidade e ser um "fio condutor" político de toda uma Comunidade.Não pode ser mudada ao "sabor" de "modas" políticas de momento e muito menos "cavalgar os ventos" daquilo que cada Governo quer.Por isso uma Constituição deve ser um farol,uma luz intensa que guia face a um caminho.É por isto também que sendo Lei mas também Política ( e por isso Poder!) pode (e  deve, dizemos nós) ter elementos de utopia que é a única forma de ser Futuro.
Claro que a nossa Constituição de 1976 ( e com as Revisões que já teve) foi concretizada num determinado momento da nossa História política,social e económica .E depois? A atualização do seu articulado e a sua "aplicação" na legislação que lhe deve obedecer, está sempre atual nas interpretações que o Tribunal Constitucional lhe confere.
Claro que pode mudar ( nas sujeições que já enunciámos), mas no seu cerne terá que continuar, até que uma Revolução ou Golpe a apague.
Curioso mesmo é que muitos dos que a acham detalhada demais ,sobretudo quando se fala da sua parte social e económica, ainda querem "sobrecarregá-la" com mais particularidades ...económicas dum determinado momento histórico!
Pois devemos ter todos "cultura constitucional" o que não quer dizer saber "recitar" os seus Artigos ou decorá-la como se fosse as "Linhas de Caminhos de Ferro" da Escola de antigamente,mas saber o que ela defende e como nos defende.É que uma Constituição é também a delimitadora das relações entre Estado/ Público/ Governo/ Privado/Cidadão/Nação.
FC

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

E AGORA?

"A época do caranguejo" chama-lhe JPPereira ,a este nosso tempo onde parece que o Governo perdeu "as boas graças" gerais e publica legislação com "exceções"e"remendos"e se multiplica em "esclarecimentos" para um lado e outro.É a época em que é preciso fazer "marcha atrás" como o caranguejo.
Mas o trágico ( se não o fosse seria só ridículo) é que o objetivo pelo qual os cidadãos têm suportado toda a famigerada "austeridade" não vai ser cumprido. Pois é, não se vai cumprir o défice! E para total desplante há uns (um?) que acusam a troika de não saber fazer bem as coisas , e a troika defende-se a dizer que o Memorando é do Governo.Bem,já se começou a atirar culpas pelos erros!!
Resumindo: Portugal vai precisar de mais dinheiro ou de mais tempo (o que acaba por ser a mesma coisa) para cumprir as  metas de austeridade .Mas o que temos visto é que a austeridade é um "poço sem fundo" que se autoalimenta ferozmente.
A mim o que me parece evidente é que estamos todos pior (sem ninguém que saiba apontar quando estaremos melhor ), as metas que nos propuseram como salvadoras ,não se cumprem, e o tempo da "boa aceitação" está com a ampulheta a virar-se.
Vamos todos aceitar outros prazos? ( mas como, se aqueles que nos disseram que até ultrapassaram o que foi aconselhado para cumprir o previsto não o foram capaz de fazer ?) ; mais austeridade aos do costume ( mas quem aguenta mais?).
Resta perguntar: e agora?
Quando as coisas correm mal é também o tempo de sobressairem as ingenuidades e a falta de preparação,mas sobretudo o que vem "ao de cima" é a ignorância ( não falemos aqui de vontades criminosas que isso não do domínio da Política).
Podemos então,também  chamar ao nosso tempo um tempo de "Foolish Rabbits".

THE FOOLISH, TIMID RABBIT

ONCE upon a time, a Rabbit was asleep under a palm-tree.

All at once he woke up, and thought: "What if the world should break up! What then would become of me?"
At that moment, some Monkeys dropped a cocoanut. It fell down on the ground just back of the Rabbit.
Hearing the noise, the Rabbit said to himself: "The earth is all breaking up!"
And he jumped up and ran just as fast as he could, without even looking back to see what made the noise.
Another Rabbit saw him running, and called after him, "What are you running so fast for?"
"Don't ask me!" he cried.
But the other Rabbit ran after him, begging to know what was the matter.
Then the first Rabbit said: "Don't you know? The earth is all breaking up!"
And on he ran, and the second Rabbit ran with him.
The next Rabbit they met ran with them when he heard that the earth was all breaking up.
One Rabbit after another joined them, until there were hundreds of Rabbits running as fast as they could go.
They passed a Deer, calling out to him that the earth was all breaking up. The Deer then ran with them.
The Deer called to a Fox to come along because the earth was all breaking up.
On and on they ran, and an Elephant joined them.

At last the Lion saw the animals running, and heard their cry that the earth was all breaking up.

He thought there must be some mistake, so he ran to the foot of a hill in front of them and roared three times.
This stopped them, for they knew the voice of the King of Beasts, and they feared him.
"Why are you running so fast?" asked the Lion.
"Oh, King Lion," they answered him, "the earth is all breaking up!"
"Who saw it breaking up?" asked the Lion.
"I didn't," said the Elephant. "Ask the Fox--he told me about it."
"I didn't," said the Fox.
"The Rabbits told me about it," said the Deer.
One after another of the Rabbits said: "I did not see it, but another Rabbit told me about it."
At last the Lion came to the Rabbit who had first said the earth was all breaking up.
"Is it true that the earth is all breaking up?" the Lion asked.
"Yes, O Lion, it is," said the Rabbit. "I was asleep under a palm-tree. I woke up and thought, 'What would become of me if the earth should all break up?' At that very moment, I heard the sound of the earth breaking up, and I ran away."
"Then," said the Lion, "you and I will go back to the place where the earth began to break up, and see what is the matter."
So the Lion put the little Rabbit on his back, and away they went like the wind. The other animals waited for them at the foot of the hill.

The Rabbit told the Lion when they were near the place where he slept, and the Lion saw just where the Rabbit had been sleeping.
He saw, too, the cocoanut that had fallen to the ground near by. Then the Lion said to the Rabbit, "It must have been the sound of the cocoanut falling to the ground that you heard. You foolish Rabbit!"
And the Lion ran back to the other animals, and told them all about it.
If it had not been for the wise King of Beasts, they might be running still.

Retirado de : www.sacred-texts.com